Gestores apostam tudo em ETFs de bitcoin, mostram documentos dos EUA

O mercado financeiro tradicional está cada vez mais atento aos ETFs (fundos de índice) de bitcoin nos Estados Unidos. Grandes players institucionais, como fundos de investimento, gestores de patrimônio e fundos soberanos, vêm ampliando significativamente suas posições nesse tipo de ativo.

A valorização expressiva do bitcoin no último trimestre de 2024 – uma alta de 47% – contribuiu para esse movimento, impulsionando o apetite dos investidores. As informações são confirmadas por documentos regulatórios recentes, como os relatórios 13F, que revelam as movimentações trimestrais dos grandes investidores.

Um exemplo marcante vem do Conselho de Investimentos do Estado de Wisconsin, que mais do que dobrou sua exposição ao iShares Bitcoin Trust ETF entre outubro e dezembro de 2024.

Ao final do ano, o fundo já detinha 6 milhões de ações do ETF, um dos primeiros a se consolidar no setor de criptomoedas. Apesar de não terem comentado oficialmente sobre o investimento, o posicionamento demonstra confiança na classe de ativos.

ETFs de bitcoin

Outros gigantes financeiros seguiram o mesmo caminho. A Tudor Investment Corp, tradicional gestora de fundos, aumentou sua participação no iShares ETF de 4,4 milhões para 8 milhões de ações, elevando o valor de sua posição de US$ 159,9 milhões para impressionantes US$ 426,9 milhões no fim do ano.

Com mais de US$ 55 bilhões em ativos sob gestão, o iShares Bitcoin Trust se consolidou como o maior ETF de bitcoin do mercado. A Tudor, no entanto, também preferiu não comentar o movimento.

O interesse global também se manifestou. A Mubadala Investment Co, fundo soberano de Abu Dhabi, aderiu à tendência e adquiriu 8,2 milhões de ações do iShares ETF, somando aproximadamente US$ 436,9 milhões em investimentos em bitcoin. Isso evidencia o alcance internacional da adoção institucional.

Outro caso interessante é o da Hunting Hill Capital, um fundo de hedge que não tinha nenhuma exposição aos ETFs de bitcoin até o final do terceiro trimestre de 2024. Em apenas três meses, a empresa investiu cerca de US$ 131 milhões nesses fundos.

Segundo Adam Guren, fundador e diretor de investimentos da gestora, eles têm atuado de forma ativa no universo de ETFs de criptomoedas, e a data dos relatórios pode não capturar precisamente o momento das transações de compra e venda realizadas pela firma.

Consultores financeiros também estão seguindo de perto a movimentação institucional em torno dos ETFs de bitcoin. Empresas como Cetera Advisors e NewEdge Advisers ampliaram suas participações em fundos gerenciados por nomes de peso como Fidelity, ARK Investments e Invesco.

Esse movimento indica uma crescente aceitação dos ativos digitais no planejamento financeiro profissional, especialmente por meio de veículos regulados que oferecem maior segurança e praticidade.

A crescente disponibilidade desses ETFs em plataformas usadas por consultores tem facilitado sua adoção. Agora, é possível oferecer aos clientes exposição ao bitcoin de forma simples, sem precisar lidar com carteiras digitais, custódia própria ou as complexidades do mercado cripto. Isso torna os ETFs uma ponte acessível entre o universo financeiro tradicional e os ativos digitais.

Apesar do entusiasmo crescente, algumas gestoras preferem manter uma abordagem mais criteriosa. É o caso da Cresset Asset Management, que decidiu focar em ETFs com taxas de administração mais baixas, avaliando cuidadosamente o custo-benefício de cada produto.

Segundo Jack Ablin, diretor de investimentos da empresa, o atual cenário oferece oportunidades para estratégias defensivas, que permitem aos investidores capturar parte da valorização do bitcoin enquanto limitam os riscos em momentos de volatilidade.

Ablin enfatiza que a combinação de bons preços e ferramentas de proteção pode ser uma vantagem importante em portfólios diversificados.

Os relatórios 13F, exigidos pela SEC, seguem sendo uma das fontes mais valiosas para entender como os grandes investidores estão se posicionando a cada trimestre. Eles ajudam a identificar tendências e o apetite institucional por ativos como os ETFs de bitcoin. No entanto, é sempre importante lembrar que os dados têm caráter retrospectivo e não necessariamente refletem as posições atuais, já que muitas movimentações podem ter ocorrido após o fechamento do trimestre.

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