O Donald Trump sempre tá lá, fazendo barulho nas notícias, mas por trás desse “circo” tem uma questão séria rolando na União Europeia: a era da paz acabou! Agora, a UE precisa urgente definir o que é mais importante pra ela e como vai enfrentar os novos desafios do mundo.
A briga pela segurança deve vir antes dos interesses econômicos de curto prazo, porque o mundo tá mudando e isso pode afetar empresas, consumidores e trabalhadores.
De volta ao futuro
A UE tá parecendo um personagem do livro “Clínica do Passado”, buscando refúgio em lembranças em vez de encarar os problemas de hoje. Já se passaram três anos desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, e a UE ainda tá com dificuldade de reconhecer os desafios reais que temos agora e que virão amanhã.
O bloco europeu tá enfrentando três desafios interligados: segurança, descarbonização e competitividade. O problema é que parece que eles não conseguem decidir o que fazer. Um plano recente apresentado pela Comissão Europeia, chamado “Competitiveness Compass”, fala desses três temas, mas não dá uma direção clara.
A segurança precisa ser a prioridade, e a UE precisa se unir a aliados pra lidar com ameaças que estão no horizonte. Colocando a segurança como guia, a UE pode bolar estratégias que aumentem a competitividade e ajudem na transição pra tecnologias mais limpas.
A necessidade de uma política industrial
Pra competir com potências globais como os EUA e a China, a UE tem que fortalecer sua indústria, principalmente nos setores de alta tecnologia. Inovações em serviços são importantes, mas o que realmente faz a economia girar são as inovações industriais—como melhorar a eficiência energética—e explorar novas oportunidades econômicas.
Hoje, as exportações de bens representam mais de 15% da economia da UE, mas a contribuição da indústria pro PIB caiu pra cerca de 15%, enquanto países como a Coreia do Sul e o Japão ainda mantêm acima de 20%.
A UE precisa focar em aumentar sua capacidade de produção em setores críticos, como farmacêuticos, instrumentos médicos, tecnologia da informação, inteligência artificial, tecnologias limpas, defesa e espaço.
Essas indústrias são essenciais pra garantir suprimentos estáveis, saúde pública e segurança econômica. A pandemia de COVID-19 e a invasão da Ucrânia mostraram o quanto é importante ter uma cadeia de suprimentos local e diversificada.
Existem várias formas de impulsionar essa capacidade industrial: exigir conteúdo local, criar políticas “Compre Europeu” nas compras públicas e apoiar economias locais. O “Competitiveness Compass” menciona essas ideias, mas falta urgência.
As ameaças à segurança não vão esperar a Europa melhorar sua base industrial, um processo que pode levar anos. Assim, as cadeias de suprimentos não devem ficar limitadas à Europa, mas também considerar uma visão transatlântica mais ampla.
Frente unida transatlântica na capacidade de manufatura
A UE e os EUA precisam se apoiar, não só como aliados democráticos, mas também como parceiros econômicos. As políticas “Compre Europeu” e “Compre Americano” são populares do ponto de vista político, mas deveriam se complementar com uma abordagem “Compre Transatlântico”. Isso garantiria uma segurança mínima nas cadeias de suprimentos durante crises futuras.
O Mario Draghi já destacou a dependência da Europa de fornecedores fora da UE para compras militares. Entre junho de 2022 e junho de 2023—um período de tensões elevadas—78% dos gastos militares da UE foram pra fornecedores fora da Europa, sendo que 63% foi pra empresas dos EUA.
Em tempo de crise, o pragmatismo fala mais alto: os governos precisam comprar o que tá disponível no mercado, sem se prender a preferências regionais.
Uma política “Compre Transatlântico” poderia facilitar a cooperação entre UE e EUA, criando um mercado compartilhado que beneficie ambos os lados do Atlântico. Essa colaboração também prepararia a base industrial da Europa para apoiar crises que possam acontecer na Ásia ou em outros lugares, além de afirmar o compromisso da OTAN em integrar a segurança econômica no planejamento estratégico.
Esse tipo de associação é parecido com a cooperação transatlântica que ajudou a Europa a superar a Segunda Guerra Mundial. Hoje, um eixo autocrático—formado por Rússia, China, Irã e Coreia do Norte—representa riscos significativos que não podemos ignorar. Garantir uma capacidade industrial estratégica entre aliados democráticos é fundamental pra resistência contra possíveis escaladas.
Compras de gás natural liquefeito (GNL) transatlânticas são uma jogada inteligente
As tarifas anunciadas pelos EUA sobre aço e alumínio mostram a importância estratégica desses materiais nas cadeias de suprimentos, especialmente para indústrias de defesa e setores como o automotivo. Um mercado de capacidade de manufatura transatlântico poderia servir como uma reserva estratégica pra riscos de segurança futuros, mas isso demanda colaboração ao invés de divisão por meio de tarifas.
A UE tá enfrentando desafios grandes em competitividade industrial, mas poderia mitigar parte deles com uma estrutura “Compre Transatlântico”. O relatório do Mario Draghi sugere a criação de um comprador único na Europa pra negociar preços melhores de gás natural liquefeito (GNL).
Hoje, a UE responde por 55% das exportações de GNL dos EUA, mas os preços variam entre os estados-membros—muitas vezes, quem paga mais acaba gastando o dobro.
Uma entidade de compras centralizada—parecida com a Agência de Suprimento da Euratom—ou uma plataforma energética da UE poderia unificar preços entre os estados-membros, garantindo melhores negociações com fornecedores como os EUA.
A UE tá num momento crucial onde precisa priorizar a segurança enquanto fortalece sua capacidade industrial em setores estratégicos. Uma parceria transatlântica é uma chance de alinhar os interesses econômicos de aliados democráticos com objetivos de segurança compartilhados, que agora não são mais uma escolha: são essenciais pra competitividade e estabilidade futura da Europa.