O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, deixou a Casa Branca na manhã de sexta-feira após uma reunião tensa com o presidente dos EUA, Donald Trump. O encontro, que gerava grandes expectativas, acabou revelando divergências claras sobre o caminho para a paz no leste europeu.
Após a conversa, Trump escreveu no Truth Social que Zelenskiy “não está pronto para a paz se os EUA estiverem envolvidos”. Segundo ele, o líder ucraniano estaria contando com o apoio americano como vantagem estratégica nas negociações com a Rússia. “Eu não quero vantagens, eu quero a paz”, afirmou Trump, reforçando seu desejo por uma solução mais rápida e direta para o conflito.
Fontes próximas à reunião afirmam que Zelenskiy insistiu na importância da manutenção do apoio militar e diplomático dos EUA, enquanto Trump teria pressionado por um acordo que encerrasse o conflito o quanto antes — mesmo que isso exigisse concessões por parte da Ucrânia.
Ele também criticou a postura de Zelenskiy durante o encontro: “Ele desrespeitou os Estados Unidos na sala mais importante do país. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz”.
As declarações aumentam a tensão entre os dois países e lançam dúvidas sobre o futuro do apoio americano à Ucrânia.
Após essa conversa tensa, o índice S&P 500 teve uma queda momentânea, mas se recuperou, subindo 0,4%. O euro também caiu um pouco, seguindo uma leve desvalorização de 0,27%, indo para 1,0369.
CAROL SCHLEIF, estrategista de mercado, comentou: “Os mercados vão ficar mais de olho nas tarifas – quem paga, quanto, quando – e como isso afeta a atividade dos negócios e a confiança dos consumidores. Muitos investidores e eleitores nos EUA só se preocupam com o que impacta o bolso deles, e a situação entre Rússia e Ucrânia é uma questão global que já está sendo discutida há bastante tempo.”
Ela também apontou que os mercados europeus podem ser mais afetados, já que a responsabilidade de lidar com a Rússia e a defesa da Ucrânia vai acabar caindo nas costas deles.
ADAM SARHAN, CEO da 50 Park Investments, falou sobre a reação do mercado. “O mercado caiu porque o papo foi acalorado, e isso não é legal entre dois líderes mundiais, ainda mais em uma situação de guerra.
Mas a situação pode mudar. Zelenskiy pode fechar um acordo ou não, e Trump está fazendo uma proposta. Ele pode sair do encontro com um acordo na próxima semana, mas isso não significa que o mercado vai despencar,” disse ele.
MARSHALL FRONT, da Front Barnett, disse que o importante agora é esperar para ver o que vai acontecer. “Tanto Trump quanto Zelenskiy querem um resultado e Putin também quer.
O problema é saber como isso vai se desenrolar,” falou. Ele ainda acrescentou que a incerteza é algo que os investidores não gostam, e as reações do mercado eram esperadas após a reunião.
SPENCER HAKIMIAN, CEO da Tolou Capital Management, destacou que a situação é preocupante, mas pode beneficiar algumas indústrias de defesa da Europa, que provavelmente vão ter que se abastecer com produtores locais. “Compramos ações dessas empresas em janeiro pela primeira vez,” contou.
RICK MECKLER, da Cherry Lane Investments, comentou que a maneira como Trump se comportou na reunião trouxe uma nova camada de incerteza para o mercado, que geralmente prefere estabilidade e planos claros. “Tem muita coisa acontecendo no governo e isso só aumentou a imprevisibilidade,” disse.
DAVID WAGNER, da Aptus Capital Advisors, falou sobre a primeira queda do S&P 500 em 2025. “Apesar de o S&P estar 5% abaixo das máximas, muitas das movimentações no índice foram causadas por mudanças nas posições, em vez de problemas fundamentais.
No entanto, agora que a temporada de resultados acabou, espero que as políticas de Washington causem mais volatilidade no mercado,” explicou.
JACK MCINTYRE, gestor de portfólio, comentou que a situação é preocupante, mas pode ser parte da maneira de Trump negociar. “Parece que estávamos caminhando para um acordo de paz ou um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, mas agora isso pode estar suspenso. Precisamos estar prontos para lidar com mais incertezas,” finalizou.