Ações em risco sentem o baque com a guerra comercial esquentando

Na última, as ações das empresas americanas sentiram o peso da guerra comercial com novos impostos sobre produtos do Canadá e do México. Isso deve impactar a receita de vários setores, como automóveis, aviação, varejo e construção.

A bolsa em Wall Street viu uma queda acentuada, com as ações de companhias aéreas e bancos liderando as perdas. O índice S&P 500, um dos principais índices do mercado, teve seu pior dia do ano na segunda-feira, exatamente após a confirmação dos novos impostos.

O presidente dos EUA, Donald Trump, decidiu impor tarifas de 25% sobre bens importados do México e do Canadá, a partir de agora. Essa medida abrange mais de US$ 900 bilhões em importações anuais dos dois países.

Além disso, Trump também aumentou as tarifas sobre produtos chineses para 20% como forma de pressionar Pequim em relação à crise de overdose de fentanil nos EUA.

Esses novos impostos se somam às tarifas já existentes que chegaram a 25% durante seu primeiro mandato.

Logo após a imposição das tarifas, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anunciou taxas de 25% sobre US$ 20 bilhões de produtos americanos, podendo aumentar essa cifra em 21 dias, se necessário.

A China também não ficou parada e implementou tarifas adicionais de 10% a 15% em alguns produtos americanos a partir de 10 de março, enquanto o México está se preparando para revidar contra os seus aliados de longa data.

AUTOMÓVEIS

Ações em risco

As ações das montadoras americanas, como Ford e GM, caíram 1,9% e 1,6%, respectivamente, porque estão bastante expostas a essas tarifas. A produção de automóveis nos EUA depende muito da integração com o Canadá e o México.

A S&P Global estima que essas novas tarifas poderão custar entre 10% e 25% do lucro antes de juros e impostos (EBITDA) das montadoras americanas afetadas. As tarifas de 25% sobre o aço e alumínio importados também vão aumentar os custos nessas indústrias.

Analistas do JP Morgan acreditam que as montadoras vão sentir bastante o impacto direto das tarifas, e parte desses custos será também repassada para os fornecedores, revendedores e consumidores.

Isso pode custar à GM cerca de US$ 14 bilhões e à Ford aproximadamente US$ 6 bilhões, considerando suas projeções de lucro para este ano.

A Ford possui três fábricas no México e, apenas no primeiro semestre de 2024, exportou quase 196 mil carros para a América do Norte, sendo que 90% deles foram para os EUA.

Segundo um relatório de novembro, 39% dos veículos fabricados pela Stellantis na América do Norte vêm do México ou do Canadá, enquanto a GM e a Ford dependem de 36% e 18%, respectivamente.

CONSTRUÇÃO

Os construtores de casas nos EUA, que importam materiais do Canadá e do México, também encaram custos mais altos por causa das novas tarifas. O índice PHLX de habitação caiu cerca de 4,8% até agora este ano.

Tarifas sobre produtos acabados, como eletrodomésticos, eletrônicos e materiais para construção, vão encarecer ainda mais a construção de novas casas, segundo a S&P Global. As empresas do setor já enfrentam pressão por causa dos altos custos de materiais, mão de obra e transporte, e essas novas tarifas podem agravar a situação.

AERONÁUTICA

O Canadá é o maior fornecedor dos EUA em termos de importação de produtos do setor aeroespacial, o que pode elevar os custos para os fornecedores e as fabricantes de aviões, como a Boeing, cujas ações despencaram 5%.

Além disso, fabricantes canadenses produzem motores para aviões da General Dynamics e Textron, bem como componentes para os aviões da Boeing e Airbus. O México também vem se destacando no setor com centros de aviação em crescimento, atraindo grandes fornecedores.

SIDERURGIA

Os produtos de aço importados representaram cerca de 23% do consumo total de aço nos EUA em 2023, com Canadá, Brasil e México sendo os principais fornecedores. O Canadá, com sua abundância de recursos hídricos, foi responsável por quase 80% das importações de alumínio primário dos EUA em 2024.

A Alcoa afirmou que as tarifas podem custar cerca de 100 mil empregos nos EUA e que isso não é suficiente para motivar um aumento na produção interna. As ações de gigantes do setor, como U.S. Steel e Nucor, caíram entre 1% e 4%.

COMPANHIAS AÉREAS E HOTEIS

As preocupações em relação à desaceleração da economia nos EUA atingiram forte as companhias aéreas, levando o índice S&P Composite 1500 de companhias aéreas a cair 6%, o que representa um dos piores dias em mais de um ano.

As ações de redes hoteleiras como Hilton, Marriott e Hyatt também despencaram entre 0,5% e 1,6%. Especialistas afirmam que essa situação pode fazer com que consumidores e empresas reduzam seus gastos com viagens, impactando ainda mais esses setores.

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