Em 2020, cerca de 14% da população da Califórnia era composta por pessoas com 65 anos ou mais. Esse número deve saltar para 22% até 2040, um aumento de 59%. Enquanto isso, a quantidade de pessoas entre 20 e 64 anos deve ficar praticamente a mesma.
Além disso, a quantidade de jovens entre 0 e 17 anos deve cair em 24%, resultando numa situação onde teremos 38 idosos para cada 100 pessoas em idade de trabalhar, um aumento em relação aos 24 em 2020.
Essas mudanças vão impactar bastante a economia do estado, que é o mais rico e populoso dos Estados Unidos. A situação da população idosa, que a gente pode chamar de “tsunami prateado”, traz desafios tanto para o mercado de trabalho quanto para o mercado imobiliário.
Por conta do aumento esperado de idosos, a participação deles na força de trabalho também vai crescer. Isso será especialmente notável entre os mais velhos que têm rendimentos menores, que já representam 22% do total de idosos que vivem com menos que o dobro da linha da pobreza.
O relatório aponta que a participação no mercado de trabalho vai aumentar entre as pessoas de 65 a 74 anos, principalmente entre aqueles com menos educação, possivelmente por necessidade financeira.
Outra coisa interessante é que muitos idosos preferem continuar vivendo em suas casas, mesmo com o aumento de lares de longa duração. Apesar do crescimento dessas instituições, a maioria ainda quer e vai permanecer em seus lares.
De acordo com o relatório, mesmo com um aumento de 51% de idosos em instituições, apenas 3% da população idosa deve viver nesses lugares. A maioria quer continuar em casa, e a maioria deles vai viver com seus cônjuges. A proporção de idosos que moram sozinhos vai cair de 22% para 18%.
No entanto, um a cada três adultos com mais de 80 anos pode ter dificuldades para ficar em casa sem alguma ajuda, e um em cada cinco vai ter limitações em cuidar de si mesmo. Isso fará com que a demanda por serviços de cuidados de longa duração aumente, mas muitos idosos enfrentam desafios em arcar com os custos disso.
Mas nem tudo é preocupação. O relatório traz boas notícias: os idosos da Califórnia devem viver mais e conseguir passar mais tempo em suas casas do que os idosos de hoje.
Por outro lado, esse crescimento rápido da população idosa, principalmente dos mais velhos, indica que o número de pessoas que precisarão de ajuda vai aumentar muito.
Isso vai criar uma divisão econômica na população idosa, onde teremos os que possuem suas casas e uma aposentadoria boa, e aqueles que alugam e passam por dificuldades financeiras para se manter.
Essas novas realidades vão exigir que os responsáveis pela política pública, os provedores de saúde e as organizações comunitárias se preparem de forma estratégica para um futuro em que os idosos representarão uma parcela significativamente maior e mais diversificada da população da Califórnia. Esse envelhecimento da população traz desafios não apenas demográficos, mas também sociais, econômicos e de infraestrutura.
Além disso, esse aumento expressivo na população idosa, especialmente entre os mais velhos — aqueles com 75 anos ou mais — exigirá um planejamento cuidadoso para garantir que a rede de serviços esteja pronta para atender à demanda crescente por cuidados médicos, assistência de longo prazo, moradia acessível e programas de apoio social.
Viver mais, embora seja uma conquista da medicina e da qualidade de vida, também está frequentemente associado a doenças crônicas, limitações físicas e mentais, além da necessidade de suporte emocional e comunitário.
A Califórnia não é a única que terá de lidar com essas questões. Outras regiões dos Estados Unidos, como o sul da Flórida, que já possui uma alta concentração de aposentados, e a Carolina do Sul, onde o número de idosos também está crescendo rapidamente, já estão discutindo o impacto desse chamado “tsunami prateado” em suas economias e estruturas sociais.
O envelhecimento populacional não é apenas um desafio californiano, mas um fenômeno nacional e até global, e as estratégias adotadas pela Califórnia servirão como exemplo — e possivelmente como alerta — para outros estados e países que enfrentarão dinâmicas semelhantes nas próximas décadas.