Nos últimos anos, muitos investidores viam a Apple como um porto seguro em tempos de crise no mercado. Mas, dessa vez, a coisa não está bem assim.
A fabricante do iPhone tem enfrentado uma queda nas ações, com o desempenho deste ano sendo bem abaixo do esperado, enquanto uma série de riscos começam a pesar nas características que antes eram consideradas de alta qualidade.
Apesar de ter lucro estável e uma grana considerable em caixa, a lista de problemas que a Apple enfrenta é grande: tem muito a perder com a incerteza das tarifas e a situação na China, suas tentativas de entrar no mercado de inteligência artificial não decolaram e sua parceria com a Alphabet, dona do Google, está em risco. Para piorar, a empresa está sendo avaliada com um preço alto, mesmo com o crescimento das receitas mais lento do que o normal. Isso complica a ideia de a Apple ser um porto seguro.
“As pessoas gostam de investir na Apple, mas, no momento, as ações estão caras. O crescimento é lento e não temos grandes novidades à vista”, comentou um especialista do mercado. “Parece que a Apple está apenas sobrevivendo. Faz tempo que não vemos inovações de verdade por parte deles.”
As ações da Apple caíram 14% este ano e acabaram de viver a maior queda em três dias desde novembro de 2022, com uma queda adicional de 0,8% na última quinta-feira.
O índice Nasdaq 100 caiu 7% em 2025, e a Apple foi responsável por quase 20% dessa queda. O nível de incerteza sobre a volatilidade das ações também subiu bastante nos últimos meses.
A recente instabilidade vem do aumento das tensões políticas, especialmente com as tarifas. O governo dos EUA aumentou os impostos cobrados sobre produtos da China, o que pode impactar bastante a Apple, que depende do país tanto para a fabricação quanto para as vendas. Aproximadamente 17% da receita da empresa no ano fiscal de 2024 veio da região da China, o que é significativo.
Analistas acreditam que, se as tarifas continuarem desse jeito, a Apple pode ter que lidar com uma queda de 1% a 2% nas vendas e um impacto nos lucros.
Os investidores torcem para que a Apple consiga alguma isenção, assim como aconteceu anteriormente. Recentemente, a empresa anunciou planos de gastar dinheiro nos EUA, que podem ser uma tentativa de melhorar sua relação com o governo.
Evitar tarifas poderia ajudar, mas não resolve o problema principal, já que os investidores querem ver um crescimento mais forte.
As receitas da Apple caíram em cinco dos últimos nove trimestres. Mesmo que esperem um crescimento de quase 5% para 2025, isso é bem menos do que a média do setor de tecnologia, que é de 11,8%. A Apple está sendo negociada a 28 vezes os lucros projetados, o que está bem acima da média dos últimos dez anos.
“A incerteza das tarifas é muita, e as dúvidas sobre a capacidade da Apple de crescer o suficiente para superar isso estão aumentando”, analisou um especialista. “Não é a ação que eu estaria mais preocupado agora, porque eles têm um bom balanço e há outras empresas que estão mais caras e que não têm a mesma solidez.”
E ele não está sozinho. Menos de dois terços dos analistas recomendam a compra das ações da Apple, tornando-a a menos popular entre as principais acciones tecnológicas, fora a Tesla.
Muita gente esperava que o iPhone 16, que seria o primeiro com recursos de IA, atrairia mais consumidores, mas a demanda tem sido bem abaixo do esperado. Além disso, a Apple teve que adiar indefinidamente o lançamento do assistente virtual Siri com IA.
Mas tem uma luz no fim do túnel: a Apple vai usar tecnologia da Alibaba para trazer recursos de IA para os produtos da Apple na China, o que pode ser promissor.
Um especialista comentou que, ao contrário de outras grandes empresas de tecnologia, a Apple não tem investido pesado em IA, o que pode ser uma vantagem num cenário mais crítico.
“Se você está buscando uma ação que vá triplicar de valor, a Apple não é o caminho. Porém, se a economia esfriar, a Apple pode ser uma opção segura, já que sempre demonstrou ser capaz de se adaptar às mudanças”, ponderou um especialista.
Gráficos e Números do Dia
Recentemente, as ações da Intel tiveram uma alta de 14% com a nova nomeação de seu CEO.
As principais notícias do setor tecnológico incluem novos lançamentos da Alibaba em IA e também previsões desapontadoras da Adobe.