Os estrategistas do mercado acreditam que um recorde de US$ 6,9 trilhões em fundos do mercado monetário pode impulsionar as ações.
Mas esse aumento em caixa pode não ser porque os investidores estão esperando para investir em ações.
Os investidores que costumam comprar na baixa não veem oportunidades de compra por enquanto, já que o mercado está caindo devido a preocupações com o crescimento econômico.
Os especialistas de Wall Street têm comentado nos últimos tempos que um dos motivos para as ações subirem é a grana que está parada, pois temos um montante recorde de US$ 6,9 trilhões em fundos de mercado monetário.
A ideia é que quando o mercado sofrer uma queda, os investidores vão entrar com tudo, usando esse dinheiro e evitando uma queda ainda maior.
Em setembro, quando o Federal Reserve começou a cortar as taxas de juros, essa teoria ganhou força. O pensamento era que com os rendimentos de ativos mais seguros abaixando, a galera voltaria para o mercado de ações, provocando novas altas.
Contudo, se os otimistas do mercado acham que uma “onda de dinheiro” vai salvar tudo durante a próxima queda, talvez seja hora de repensar isso.
Aqui vai o porquê.
O problema é que muito desse aumento em fundos de mercado monetário está vindo de decisões de otimização de caixa, e não tanto de proteção contra riscos, segundo Jay Hatfield, CEO da Infrastructure Capital Advisors.
“Durante esse crescimento dos ativos, o nível de M1, que inclui contas correntes mas não os ativos do mercado monetário, caiu mais de US$ 2 trilhões, mostrando que o aumento nos saldos de mercado monetário foi mais sobre otimização do que sobre reduzir riscos,” explicou Hatfield.
Resumindo, os investidores estão tirando a grana de contas com juros baixos e colocando em fundos que rendem cerca de 5%.
Enquanto esses rendimentos não caírem para zero, é pouco provável que essa grana comece a buscar novas oportunidades de investimento.
E se a taxa cair para zero, provavelmente isso significa que a economia está passando por problemas, o que faz com que os investidores evitem arriscar essa grana em ativos mais voláteis como as ações.
Larry Tentarelli, especialista em tendências de mercado da Blue Chip Daily Trend Report, acredita que esse recorde de US$ 7 trilhões em caixa não é tão impressionante assim, especialmente quando visto em relação ao total do mercado.
Uma análise feita por Tentarelli mostrou que o dinheiro em fundos de mercado monetário tem caído como porcentagem da capitalização total do S&P 500, mesmo com o número absoluto atingindo recordes.
Esse dado não parece relevante para Tentarelli, que acredita que não devemos esperar um influxo repentino de grana do mercado monetário para as ações, e que essa “graninha disponível” não deve ser vista como positiva ou negativa.
Com certeza, alguns investidores que estão com dinheiro à vista estão esperando para aproveitar uma queda significativa no mercado de ações.
Ben Hunt, um investidor de varejo do Kentucky, comentou que já vê o mercado de ações como preparado para uma correção e acredita que os investidores estão demonstrando entusiasmo excessivo, algo que costuma ocorrer antes dos picos do mercado.
“Eu pretendo aumentar até 50% de caixa na minha carteira antes do final do trimestre,” disse Hunt, que atualmente está com 30% de grana na carteira.
Hunt pretende usar essa grana para comprar em uma eventual queda, “quem sabe a preços mais baixos.”
Seja como for, os investidores que costumam comprar na queda não estão vendo grandes oportunidades agora, já que o mercado continua caindo por causa de receios com o crescimento econômico.
O S&P 500 e o Nasdaq 100 caíram 4,5% e 7,5% desde seus picos em fevereiro e ainda não deram sinais de recuperação significativa.