A Economia do Bitcoin Nas Favelas da África

Se você ainda não ouviu falar de Kibera, é hora de prestar atenção! Essa é a maior favela da África e fica a apenas 6,5 km do centro de Nairóbi, no Quênia.

Com mais de 500 mil moradores, a comunidade tem visto um crescimento bacana nos últimos anos com um projeto de economia circular usando Bitcoin, chamado Afribit.

O time do Afribit tá trabalhando forte pra empoderar a galera de Kibera usando o Bitcoin. O Ronnie Mdawida, que comanda o projeto, contou: “O Bitcoin resolve questões de soberania financeira e inclusão financeira. Muitas pessoas aqui não têm documentos e, sem o Bitcoin, seria difícil se inserir na economia tradicional.”

Ronnie tá na luta por desenvolvimento comunitário há mais de 15 anos e conheceu o Bitcoin em 2019, quando um canadense chamado Yogi Golle começou a apoiá-lo. Yogi explicou como o Bitcoin poderia ajudar a promover a inclusão financeira na comunidade.

“Trazer o Bitcoin para a educação da comunidade foi um passo crucial para construir essa visão de economia circular que o Afribit representa hoje”, comentou Golle.

Bitcoin e Inclusão Financeira

Bitcoin Nas Favelas da África

A realidade é que muitos residentes de Kibera não conseguem acessar o sistema bancário tradicional. O Ronnie explicou que, em um programa de gestão de resíduos que oferece pagamento em “sats” (partes do Bitcoin), a maioria dos participantes não têm ou não usam serviços bancários.

<p“Dos 50 participantes, 19 não têm ou não usaram nunca suas contas bancárias, e 14 têm contas que abriram só pra receber doações que nunca aconteceram”, contou Ronnie. Outros, por falta de movimentação, tiveram suas contas fechadas.

A Serah Mucha, que atualmente faz parte da equipe do Afribit, também falou sobre como o Bitcoin é super importante pra quem tá fora do sistema bancário. “Muita gente é obrigada a guardar dinheiro em casa, o que é um risco. Enquanto serviços como o M-Pesa são populares, os altos custos e a instabilidade tornam isso menos viável para negócios. O Bitcoin, por sua vez, traz uma alternativa mais segura e em conta.”

Programas e Conquistas do Afribit

O Afribit começou como uma plataforma de e-commerce onde os moradores podiam vender seus produtos em troca de Bitcoin. Embora o timing não tenha sido muito favorável nessa época, o plano é reviver essa ideia no futuro.

Nos últimos tempos, o Afribit evoluiu e agora conta com cursos de “Bitcoin 101” e programação. Esses cursos têm ajudado a comunidade a conseguir empregos significativos e a contribuir para a economia circular.

Alguns alunos desses cursos já estão trabalhando como desenvolvedores, designers de sites e técnicos de TI. Um deles até tá ajudando a criar uma carteira para o Lightning Network, que vai atender às necessidades da galera do Afribit.

A gestão do programa de lixo, que também é uma fonte importante de emprego, é feita pela equipe do Afribit. Os participantes são pagos por coletar e reciclar lixo e também para aprender sobre Bitcoin.

O Yogi vê esse programa como uma ótima chance de ajudar o meio ambiente enquanto amplia o conhecimento em Bitcoin da comunidade. Ele quer fazer isso crescer ainda mais.

“A ideia é usar a grana do reciclado pra comprar sats, garantindo que o programa seja sustentável. Precisamos investir em equipamentos pra aumentar nossa eficiência”, disse ele.

Até agora, mais de 40 comerciantes em Kibera estão usando o Bitcoin não só como forma de pagamento, mas também para economizar.

“Alguns comerciantes já veem o Bitcoin como ferramenta de planejamento financeiro pra suas famílias”, completou Yogi. Mas nem tudo são flores; o Ronnie apontou que alguns comerciantes estão um pouco céticos em relação ao Bitcoin por conta das mudanças de preço que aconteceram.

Desafios

“Tem quem veja o Bitcoin como ‘bom demais pra ser verdade’, especialmente depois da alta recente”, disse Ronnie. “Mas estamos vendo que, com mais educação, usuários e comerciantes estão se familiarizando e se envolvendo mais com o Bitcoin.”

A Serah mencionou que, enquanto os comerciantes estão animados pra compartilhar suas experiências, o sucesso do Afribit depende de manter o crescimento desse ciclo. “Precisamos garantir a continuidade do fluxo de sats e que o ecossistema continue vivo”, destacou ela.

“O principal desafio agora é manter a liquidez do Bitcoin, que vem de doações e do pessoal gastando os sats na comunidade. Assim, conseguimos atrair ainda mais pessoas pra participar”, explicou.

O Ronnie ainda observou que a equipe está focada em expandir seu impacto em outras partes de Kibera. “As outras vilas estão chamando a gente, então precisamos mais parcerias e grana pra crescer ainda mais”, comentou.

Uma Comunidade Modelo de Bitcoin para o Leste Africano

O Afribit tá com grandes planos para o futuro, incluindo novos produtos e iniciativas. Eles pretendem oferecer empréstimos de Bitcoin para comerciantes que querem fazer seus negócios crescerem, programas de fidelidade pra engajar ainda mais a comunidade e até uma plataforma de troca P2P para ajudar a galera a experimentar o Bitcoin.

Com tudo isso que estão construindo, o Yogi acredita que o Afribit pode ser um modelo para toda a região. “Unindo educação, empoderamento e tecnologia, estamos criando uma economia circular de Bitcoin que pode transformar o acesso financeiro em Kibera e além”, concluiu Golle. “Com parcerias estratégicas e a força da comunidade de Kibera, estamos prontos pra fazer a diferença no Leste Africano.”

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